Band afasta repórter que empurrou jornalista da Record ao vivo

Quando Lucas Martins, repórter da Band empurrou Grace Abdou, repórter do Record TV ao vivo, a cena rapidamente se transformou em viral nas redes. O episódio ocorreu em 1º de julho de 2025, durante a cobertura do desaparecimento de duas adolescentes na pequena cidade de Alumínio, interior de São Paulo. Em menos de duas horas, o empurrão gerou declarações de autoridades da mídia, boletim de ocorrência e a decisão da Band de afastar o repórter das reportagens externas.
Contexto e antecedentes
A rivalidade entre redes de TV aberta tem raízes históricas: a Band e a Record competem por audiência nas regiões interioranas há décadas. Em 2022, por exemplo, um caso semelhante envolvendo a TV Globo e o SBT atingiu as redes sociais, mas daquele incidente não houve sanções disciplinares. O que diferencia o caso de Lucas Martins é a captura em tempo real, durante transmissão ao vivo, que eliminou qualquer margem para edição.
A cidade de Alumínio, com cerca de 20 mil habitantes, já foi palco de outras notícias de grande repercussão, como o incêndio na fábrica de minério em 2019, que custou oito vidas. Essa tradição de cobertura intensa faz com que repórteres de diferentes veículos converjam nas mesmas ruas, aumentando a chance de colisões — literalmente.
Detalhes do incidente
Durante a transmissão do programa Brasil Urgente, apresentado por Joel Datena, o âncora pediu que Lucas se aproximasse de uma fonte que alegava saber o paradeiro das adolescentes. Enquanto isso, Grace já posicionava sua câmera na mesma rua. O microfone captou a troca de palavras: “Você tá ao vivo, Lucas?” – questionou Grace. “Eu tô ao vivo, querida”, respondeu Lucas, antes de empurrá‑la com o braço.
O gesto foi registrado por câmeras externas e rapidamente circulou no X (Twitter) com hashtags como #AgressãoNaMídia e #RespeitoÀsJornalistas. Em menos de 30 minutos, a Band publicou nota oficial afirmando que “não compactua com o episódio”. A emissora deu a Lucas uma advertência interna e, mais tarde, decidiu realocá‑lo para funções internas, sem prazo definido para voltar ao campo.

Reações das partes envolvidas
A Record, por sua vez, emitiu comunicado no mesmo dia, condenando veementemente a agressão e informando que “o boletim de ocorrência foi registrado e medidas judiciais cabíveis serão tomadas”. A advogada da jornalista, Suéllen Paulino, destacou que além da esfera criminal, “há fundamento para ação cível por dano moral, já que o episódio feriu a dignidade da profissional”.
Nas redes sociais, usuários como Caio e Nando criticaram o comportamento de Lucas, enquanto alguns espectadores menos empáticos minimizaram a situação, chamando‑a de “briga pela informação”. O debate reacendeu discussões sobre a presença de mulheres nas redações e o respeito mútuo entre colegas de imprensa.
Internamente, fontes da Band, que preferiram manter o anonimato, contaram que a decisão de afastar Lucas das coberturas externas foi tomada para evitar “mais retaliações e danos à credibilidade do programa”. A diretoria ainda avalia se ele permanecerá no Brasil Urgente como colaborador de fim de semana ou será realocado permanentemente para a produção interna.
Impactos e repercussão
O caso gerou um aceleração nas discussões sobre códigos de ética jornalística. A Associação Brasileira de Jornalismo (ABJ) informou que abrirá um fórum de debate na próxima reunião da comissão de ética, prevista para 15 de agosto de 2025. Segundo levantamento interno da ABJ, 68% dos jornalistas acreditam que “incidentes como esse ainda são subestimados nas redações”.
Além do debate ético, o episódio trouxe consequências práticas: a audiência do “Brasil Urgente” caiu 4,2% nas duas noites seguintes, conforme dados de audiência da Kantar IBOPE Media. Por outro lado, a Record viu um aumento de 2,7% nos índices de visualização do noticiário “Cidade Alerta”, sugerindo que o público ainda busca informações sobre o caso das adolescentes.
Do ponto de vista legal, o boletim de ocorrência registrado por Grace será analisado pela Polícia Civil de São Paulo. Caso haja acusação formal, Lucas pode responder por dano corporal leve, conforme o Art. 129, § 9º do Código Penal, e ainda enfrentar ação civil por violação de direitos da personalidade.

Próximos passos e desdobramentos
Nas próximas semanas, a Band deverá decidir se Lucas será reintegrado ao campo ou permanecerá nas funções administrativas. Enquanto isso, a reportagem sobre o desaparecimento das adolescentes continua, com a polícia local divulgando novos detalhes em 8 de julho de 2025.
Grace, por sua vez, informou que continuará cobrindo o caso, mas está avaliando a possibilidade de mudar de segmento dentro da Record, visando evitar novos confrontos com concorrentes. A advogada Suéllen acrescentou que a ação judicial pode levar até um ano para ser concluída, mas que “a resposta da mídia será o que realmente mudará o ambiente de trabalho”.
O cenário aponta para uma revisão mais rígida das normas de conduta nas coberturas externas, sobretudo em situações de alta tensão onde a “corrida pela manchete” costuma ultrapassar limites de respeito.
Perguntas Frequentes
Como o afastamento de Lucas Martins afeta a cobertura do caso em Alumínio?
Com Lucas fora das reportagens externas, a Band terá que redistribuir a cobertura para outros repórteres ou usar material de arquivo. Isso pode atrasar atualizações ao vivo, mas também reduz a chance de novos confrontos e garante mais foco nas informações oficiais da polícia.
Quais são as possíveis consequências jurídicas para Lucas Martins?
Ele pode ser processado criminalmente por lesão corporal leve e, civilmente, por danos morais. Caso a justiça reconheça a gravidade do empurrão, a pena pode incluir multa, prestação de serviços comunitários e restrição de exercer atividade jornalística em campo.
A Record pretende tomar medidas contra a Band?
Até o momento, a Record só declarou que irá acompanhar o processo judicial e recomendou que a Band adote medidas corretivas. Não há indícios de ação direta contra a emissora, mas a disputa pode se estender a campanhas de reputação no mercado publicitário.
O que dizem especialistas sobre a cultura de competição entre redes?
Profissionais de comunicação alertam que a "corrida pela manchete" pode gerar pressões excessivas, sobretudo em coberturas ao vivo. Estudos da ABJ mostram que 71% dos jornalistas já presenciaram situações de confronto físico ou verbal em campo.
Qual o impacto desse caso na percepção do público sobre a mídia?
A pesquisa rápida feita pela Kantar IBOPE após o incidente apontou que 54% dos entrevistados consideram que "as emissoras precisam melhorar o respeito entre jornalistas". O caso pode reforçar a desconfiança do público, tornando ainda mais crucial a transparência das redes.