Holograma AI de Stan Lee revoluciona a LA Comic Con

Adrielle Gaião set 26 2025 Entretenimento
Holograma AI de Stan Lee revoluciona a LA Comic Con

Prepare-se: o lendário criador da Marvel, Stan Lee, está de volta à Los Angeles Comic Con, mas desta vez não como fantasma, e sim como um holograma alimentado por inteligência artificial. Entre os dias 26 e 28 de setembro de 2025, os fãs poderão entrar em um estande de 140 metros quadrados, conversar por três minutos e registrar fotos ao lado de uma versão digital do homem que deu ao mundo o Homem-Aranha, o Hulk e tantos outros heróis.

Como funciona a Stan Lee Experience

A experiência, batizada de "Stan Lee Experience", foi desenvolvida pela empresa de tecnologia Proto Hologram em parceria com a Kartoon Studios, responsável pelos direitos de imagem de Lee. O projeto combina captura volumétrica de movimentos, processamento de voz por IA e um motor de geração de diálogos treinado com décadas de entrevistas, painéis e aparições públicas do escritor.

Os visitantes pagam entre US$ 15 e US$ 20 (cerca de R$ 75 a R$ 100) – preço que varia se a compra for antecipada ou feita no dia do evento – e recebem um “código de acesso” que desbloqueia o holograma por três minutos. Dentro do espaço fechado, sensores detectam a posição do usuário, permitindo que o avatar de Lee se vire, acene e faça gestos característicos, como o famoso “Excelsior!”.

Bob Sabouni, chefe dos programas de legado de Stan Lee na Kartoon Studios, garante que a IA não dirá nada que o criador nunca tenha dito. “Temos anos de gravações que nos ajudam a reproduzir o tom, o humor e a moral que ele defendia. Não será uma cópia exata palavra por palavra, mas será fiel ao espírito de Lee”, esclareceu.

Além do estande principal, a empresa planeja “surpresas” ao longo da convenção: o holograma pode aparecer inesperadamente em painéis, nas áreas de alimentação ou até mesmo em quadros de anúncios digitais, criando um efeito de presença onipresente.

Reações do público e dilemas éticos

Reações do público e dilemas éticos

O anúncio gerou reações polarizadas. Muitos fãs, que cresceram lendo ou vendo adaptações dos personagens criados por Lee, enxergam a iniciativa como uma homenagem inovadora. "É incrível poder conversar com o cara que nos apresentou o universo Marvel", comenta Marco, 28, fã de quadrinhos, que já adquiriu seu ingresso.

Entretanto, uma parcela considerável da comunidade vê o projeto como exploração comercial da memória de um ícone já falecido. Comentários nas redes sociais chamam a ideia de “ghoulish” e “desrespeitosa”. Críticos apontam que a tecnologia, ainda que avançada, pode abrir precedentes perigosos: a criação de versões digitais de pessoas falecidas para venda de produtos, shows ou até discursos políticos.

  • Perda de controle da imagem: familiares e herdeiros podem ter pouca influência sobre como a IA será usada.
  • Despersonalização da memória: transformar um ser humano em objeto de entretenimento pode banalizar seu legado.
  • Risco de manipulação: a mesma tecnologia pode ser empregada para criar declarações falsas ou alterar a percepção histórica.

Especialistas em ética da IA, como a professora Ana Ribeiro, da Universidade Federal de São Paulo, alertam que o caso de Lee é um “teste piloto” que deverá ser regulado por leis específicas. “Precisamos de diretrizes claras que definam consentimento pós-morte, limites de uso comercial e transparência para o público”, defende.

Por outro lado, a Kartoon Studios enxerga a iniciativa como parte de uma estratégia maior de expansão da propriedade intelectual de Stan Lee, incluindo colecionáveis, cartões digitais e até a atualização da estátua de cera no Madame Tussauds, que também pode ganhar uma camada interativa.

Independentemente das críticas, o evento está gerando fila na entrada da LA Comic Con. A mistura de nostalgia, tecnologia de ponta e a presença de um ícone da cultura pop cria um feríssimo atrativo para quem deseja reviver momentos com o “pai” dos super-heróis, ainda que de forma virtual.

À medida que a indústria do entretenimento abraça cada vez mais a inteligência artificial, o caso Stan Lee pode servir de referência – para o que funciona, o que deve ser evitado e como equilibrar homenagem com respeito.

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