SuperBet Pressiona e São Paulo Avalia Patrocínio de R$45 Milhões com Viva Sorte

Sob fogo cruzado: o imbróglio do patrocínio de São Paulo com a Viva Sorte
O São Paulo tentou reforçar o caixa ao costurar um acordo de patrocínio com a Viva Sorte em agosto de 2024, colocando a marca da empresa nas mangas dos uniformes. Não era pouca coisa: o contrato bate a casa dos R$45 milhões, dividido entre um adiantamento de R$7,8 milhões ainda em 2024, seguido por parcelas gordas de R$18,6 milhões em cada um dos anos seguintes, 2025 e 2026. A parceria, vista como estratégica, mexeu com os bastidores do futebol brasileiro, principalmente porque o futebol virou campo de batalha entre casas de apostas e empresas financeiras brigando por território.
Mas nem tudo são flores no Morumbi. A SuperBet, concorrente direta do setor de apostas, começou a pressionar os dirigentes tricolores para rever essa aproximação com a Viva Sorte. A questão ferve por um detalhe: a Viva Sorte, originalmente conhecida pelo seu produto de capitalização (aqueles sorteios de números bastante populares), resolveu ampliar sua atuação e agora também comanda uma divisão de apostas esportivas sob o nome Viva Sorte Bet. Essa movimentação liga um alerta para quem já tem contratos ou interesses cruzados com empresas do mesmo setor, caso da própria SuperBet.
O aparente foco do patrocínio com o São Paulo, segundo cartolas do clube, está no serviço de capitalização da Viva Sorte, bem distante da aposta esportiva direta. Porém, no cenário atual do futebol brasileiro, onde marcas buscam associar suas imagens aos clubes para aumentar visibilidade e engajamento, qualquer brecha pode ser motivo para ruído.
A disputa remete à escalada das empresas de apostas e capitalização no futebol – algo recente, mas que já movimenta cifras gigantescas. A Viva Sorte, por exemplo, vinha investindo em clubes menores, eventos e até patrocínios regionais, porém o acerto com o São Paulo empurra a marca para outro patamar de exposição nacional. Para a SuperBet, que vê sua presença ameaçada no mercado paulista (e dentro de um dos clubes de maior torcida do Brasil), o incômodo virou pressão explícita.

A guerra dos bastidores e as novas regras do jogo
Nos bastidores, o clima é de tensão e negociações constantes. O Tricolor paulista precisa medir cada passo: de um lado, o aporte financeiro da Viva Sorte chega em boa hora, com valores que superam muitos contratos vigentes de outros clubes. De outro, há o risco de estremecer uma relação com a SuperBet, que também é atuante no patrocínio esportivo nacional e não esconde a insatisfação no setor.
Essa briga traz ainda uma discussão interessante: até que ponto uma empresa de capitalização separada de apostas esportivas pode (ou não) ser vista como concorrente direta? No papel, o contrato enfatiza a promoção dos títulos de capitalização, mas a proximidade dos nomes e a ambição de ambas as empresas acabam embaralhando as fronteiras entre esses nichos de atuação.
No fim das contas, o episódio só escancara como o futebol virou um tabuleiro de interesses financeiros pesados, onde cada novo patrocinador pode trazer dinheiro, mas também dor de cabeça e disputas acirradas nos bastidores. São Paulo não está sozinho nessa – clubes de todos os tamanhos hoje flertam com empresas do mesmo setor em busca do melhor acordo, mesmo que isso signifique caminhar numa corda bamba entre rivais.