Filipe Luís chama Flamengo x Palmeiras de talvez a maior final da história da Libertadores

O técnico Filipe Luís Ferreira não escondeu o entusiasmo ao falar da final da Copa Libertadores da América 2025Estádio Monumental de Lima. Em coletiva no Ninho do Urubu, após o Flamengo vencer o Sport Recife por 3 a 0 no Maracanã, ele soltou: "Talvez a maior final da história da Libertadores". Não foi só entusiasmo de treinador. Foi reconhecimento de um momento único: dois gigantes brasileiros, com histórias entrelaçadas, se enfrentando em uma decisão continental que promete ir além do campo.

Da neutralidade à admiração: a mudança de tom

Há apenas uma semana, Filipe Luís parecia querer fugir da pressão. Após o empate sem gols contra o Racing Club em Buenos Aires, ele disse que só queria "ver a bola" e tomar um vinho com a mulher. Nada de tática. Nada de preferências. A cabeça estava no próximo jogo — o Sport, que ainda estava na briga por evitar o rebaixamento. Mas tudo mudou na quinta-feira, 30 de outubro, quando o Palmeiras fez o impossível: virou 3 a 0 no placar agregado e goleou a Liga Deportiva Universitaria por 4 a 0 no Allianz Parque. Foi uma das maiores recuperações da história da competição. E o técnico rubro-negro, que antes evitava comentar, agora não conteve a admiração. "O Palmeiras passou de forma merecida", disse. E completou: "Maravilhoso que possamos ter a possibilidade de viver esse momento. Um privilégio muito grande".

Um duelo que vai além da final

Essa não é só uma final de Libertadores. É um clássico nacional em cena continental. Palmeiras e Flamengo lideram o Campeonato Brasileiro Série A 2025 — o Alviverde em primeiro, o Mengão em segundo. Ambos chegaram à final da Libertadores com histórias de superação. O Flamengo venceu por 1 a 0 em casa e segurou o empate no River Plate. O Palmeiras, por outro lado, virou uma derrota de 3 a 0 em Quito, no Estádio Rodrigo Paz Delgado, com uma exibição de futebol quase cinematográfica. Quem viu a partida no Allianz Parque lembra: o estádio tremeu. Os jogadores se abraçaram como se tivessem vencido uma guerra. E agora, o campeão de 2022 enfrenta o tricampeão em busca do quinto título. É o primeiro confronto entre clubes brasileiros na final desde 2021, quando o Palmeiras venceu na prorrogação. Agora, a revanche tem um peso diferente: o Flamengo quer redenção. O Palmeiras, mais que isso: consagração histórica.

Entre os jogadores, uma opinião que surpreendeu

Enquanto o técnico abraça o duelo, um dos titulares do Flamengo, o lateral Guillermo Varela, deu uma declaração que pegou todos de surpresa. Em entrevista no Ninho do Urubu, ele admitiu: "Sinceramente, se tivesse que escolher um, eu escolheria a LDU". Varela, uruguaio de nascimento e jogador desde 2021, explicou: "Lógico que, se passasse a LDU, seria melhor para a gente. Assim como, para eles, seria melhor se passasse o Racing". Ele não escondeu a dor da final perdida no Uruguai em 2022, quando o Flamengo foi derrotado pelo River Plate. "Temos coisas pendentes", disse. "Vai ser uma final dura. Tenho certeza que podemos ganhar". A fala dele não é desrespeito ao Palmeiras — é realismo. Ele sabe que enfrentar um time com a pressão de tentar o tetracampeonato é um desafio ainda maior.

O que está em jogo: além da taça

O vencedor da final de 29 de novembro não leva só a taça. Leva vaga no Mundial de Clubes da FIFA, em dezembro, e na Recopa Sul-Americana de 2026. Mas o valor simbólico é ainda maior. O Flamengo, que viveu o auge em 2019 e 2022, quer retomar o protagonismo. O Palmeiras, que já é o clube mais vitorioso da era moderna da Libertadores, tenta algo inédito: quatro títulos consecutivos. Ninguém fez isso. Nem o Independiente nos anos 70. Nem o Boca Juniors na década de 2000. A pressão sobre o técnico Diego Alonso — que comanda o Palmeiras — é imensa. E o Flamengo, sob Filipe Luís, tem uma vantagem: o apoio de um público que nunca desiste. Mas o técnico não quer pensar nisso. "Não dá para prever essas coisas", ele repetiu. "A única que passa na minha cabeça é São Paulo. Essa é a mensagem que tento passar para os jogadores. O que está no nosso alcance é o próximo jogo".

Preparação e pressão: o caminho até Lima

O Flamengo terá apenas dois treinos com foco no Brasileirão antes de mudar completamente o foco. O próximo adversário é o São Paulo, no Morumbi, em 6 de novembro. Depois, o time terá 18 dias para se preparar — tempo suficiente para ajustes táticos, mas também para a ansiedade crescer. O Palmeiras, por sua vez, já começou a trabalhar com mais intensidade, mesmo com o calendário apertado. Afinal, não é todo dia que um time tem a chance de escrever seu nome na história com quatro títulos seguidos. E não é todo dia que um clássico brasileiro se torna o grande espetáculo da América do Sul.

Por que isso importa?

Porque o futebol sul-americano vive um momento raro: duas equipes com identidade, história e raça se enfrentam em uma final que não é só de títulos, mas de legado. É a primeira vez desde 2006 que duas equipes brasileiras chegam à final sem terem sido eliminadas por rivais da Argentina ou Uruguai. É a primeira vez que o Palmeiras e o Flamengo se enfrentam em decisão continental desde 2005, quando o Mengão venceu por 4 a 2 no agregado. Agora, tudo é diferente. O nível do jogo. A intensidade. O peso da expectativa. E, acima de tudo, o fato de que, independentemente do resultado, um deles vai deixar de ser apenas campeão — e se tornará lenda.