STF mantém prisão de Walter Braga Netto após audiência de custódia

Adrielle Gaião set 28 2025 Política
STF mantém prisão de Walter Braga Netto após audiência de custódia

Contexto da acusação

O Walter Braga Netto tem sido figura central em um dos processos mais polêmicos da história recente do Brasil. Detido desde dezembro de 2024, ele responde por suposta obstrução de investigações que visavam desarticular um plano de golpe contra a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a denúncia da Procuradoria‑Geral da República (PGR), Braga Netto integrou uma organização criminosa que elaborou o chamado "Plano Copa 2022", um esquema que, entre outras coisas, previu o sequestro e assassinato do ministro Alexandre de Moraes.

O esquema teria sido coordenado por forças especiais das Forças Armadas, com apoio logístico e financeiro. Em depoimentos de acordos de delação premiada, Mauro Cid – ex‑aide‑de‑camp de Jair Bolsonaro e testemunha chave – afirmou que Braga Netto lhe entregou dinheiro dentro de uma sacola de vinho para financiar ações do plano.

Além da acusação de participação no plano, o juiz assistente de Moraes, que atua sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes no STF, analisou a solicitação de manutenção da prisão preventiva. A decisão partiu do argumento de que há risco de fuga e de que a liberdade do general poderia comprometer as investigações em curso.

Desdobramentos judiciais

Desdobramentos judiciais

O caso segue em tramitação sob o número 2668, que investiga a tentativa de golpe de estado. Em 10 de junho de 2025, Braga Netto foi interrogado e negou as acusações trazidas pelos delatores. A audiência de custódia realizada recentemente confirmou a decisão anterior: a prisão preventiva será mantida.

O processo envolve oito réus, entre eles o ex‑presidente Jair Bolsonaro, o ex‑diretor da ABIN Alexandre Ramagem, o ex‑comandante da Marinha Almir Garnier, o ex‑ministro da Justiça Anderson Torres, o ex‑ministro do GSI Augusto Heleno, o ex‑ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, além de Mauro Cid, que colaborou com a Justiça.

  • Jair Bolsonaro – ex‑presidente da República
  • Alexandre Ramagem – ex‑diretor da Agência Brasileira de Inteligência
  • Almir Garnier – ex‑comandante da Marinha
  • Anderson Torres – ex‑ministro da Justiça
  • Augusto Heleno – ex‑ministro do GSI
  • Paulo Sérgio Nogueira – ex‑ministro da Defesa
  • Walter Braga Netto – ex‑ministro da Defesa e candidato a vice‑presidente
  • Mauro Cid – ex‑aide‑de‑camp de Bolsonaro, delator

No dia 11 de setembro de 2025, o Primeiro Grupo do STF condenou os réus por crimes que incluem organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta da ordem democrática, e danos qualificados ao patrimônio. Braga Netto recebeu a pena mais pesada: 26 anos de reclusão em regime fechado, divididos em 24 anos de prisão e 2 de detenção, além de multa de 100 dias‑multa.

A manutenção da prisão preventiva indica que o tribunal ainda enxerga o general como um obstáculo potencial ao andamento das investigações, seja por risco de fuga ou por capacidade de interferir nas provas. Enquanto os recursos legais não se esgotarem, Braga Netto permanece detido, e o desfecho do caso continua a gerar intenso debate político e midiático no país.

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