Bruna Marquezine descarta voltar às novelas: 'Hoje não me vejo nesse formato'

Marquezine diz que não volta às novelas

Uma das caras mais conhecidas da teledramaturgia brasileira virou a chave. Bruna Marquezine disse no 'Lady Night' que não pretende voltar às novelas — nem agora, nem no curto prazo. A entrevista com Tatá Werneck foi ao ar na sexta, 6 de setembro de 2025, no Multishow, e trouxe uma resposta direta sobre um tema que sempre reaparece quando o assunto é a trajetória da atriz: o retorno ao formato que a projetou.

Sem rodeios, ela afirmou que hoje não se vê nesse tipo de produção. A fala, curta e firme, ajuda a consolidar uma mudança profissional que já vinha se desenhando nos últimos anos: menos folhetim diário, mais projetos fechados, de temporada definida, em streaming e cinema.

Marquezine cresceu diante das câmeras e construiu boa parte do prestígio em novelas. O último papel no gênero foi como a vilã Catarina, em 'Deus Salve o Rei', uma personagem que marcou pela postura fria e pelo impacto na trama medieval. Desde então, a atriz passou a selecionar trabalhos com outra lógica de produção, apostando em histórias com começo, meio e fim, sem a rotina exaustiva de gravações diárias.

Hoje, o foco está em projetos como a série 'Amor da Minha Vida', no Disney+, em que ela assume o protagonismo. Em paralelo, Marquezine também vem consolidando presença no cinema, incluindo sua participação em uma superprodução da DC, movimento que abriu portas no mercado internacional e ampliou a vitrine da carreira.

Na conversa com Tatá, houve espaço para vida pessoal — amizade com Sasha Meneghel, perguntas sobre romances —, mas nada disso ofuscou o ponto central: a decisão consciente de traçar outro rumo. Não foi um comentário jogado. Soou como escolha pensada, testada na prática e abraçada como nova fase.

Por que essa escolha importa para a TV brasileira

Dizer não às novelas no Brasil é ir na contramão de uma tradição que formou gerações de estrelas. O folhetim diário sempre foi a principal escola, com ritmo pesado de gravação, longos meses no ar e grande exposição. Ao recusar esse caminho, Marquezine coloca o pé num terreno que cresce a passos largos: séries e filmes com planejamento de temporada, janelas globais e maior controle criativo.

Esse movimento conversa com a transformação do mercado. A lógica do streaming virou o jogo: menos volume, mais curadoria. Para quem busca personagens com arco fechado e equipes que trabalham por blocos, as séries são mais atraentes. O resultado é uma agenda que permite se dedicar à preparação, mergulhar em laboratório e, quando possível, conciliar com projetos de cinema no Brasil e fora dele.

Há outra camada nessa história: a relação contratual. O modelo de exclusividade com emissoras já não é a regra. Artistas negociam por obra, o que dá liberdade para aceitar convites que façam sentido artístico e de carreira — e, no caso de Marquezine, permite transitar entre plataformas sem se prender ao calendário das novelas.

O peso simbólico da decisão é grande porque ela é um rosto que cresceu no horário nobre e tem público fiel. Quando alguém com essa trajetória afirma que não volta ao formato, envia um recado claro sobre prioridades e sobre como a indústria se reorganiza. Não é uma guerra contra novelas — que seguem fortes e relevantes —, e sim um gesto de alinhamento com um novo modo de produzir e consumir histórias.

Na prática, a escolha rende efeitos colaterais. Emissoras perdem, ao menos por ora, a chance de escalar um nome que entrega repercussão e conversa com várias faixas de público. Plataformas ganham um ativo valioso para lançar séries com cara de evento. E a própria atriz amplia o repertório, com personagens menos dependentes da audiência diária e mais ancorados em projetos autorais e coproduções.

O papo no 'Lady Night' manteve o tom leve que é marca do programa, mas deixou um registro importante de carreira. Marquezine não fechou portas para sempre — ninguém crava o futuro —, só deixou claro que, neste momento, o que ela quer construir não passa pelo set de novela. É uma mudança de perspectiva, não um rompimento com a própria história.

Para o público, sobram curiosidades sobre os próximos passos. Enquanto 'Amor da Minha Vida' segue no radar dos fãs de séries nacionais, o interesse por novos filmes, parcerias e papéis fora do circuito tradicional tende a crescer. O olhar agora é para as próximas escolhas — e para como elas vão desenhar a fase mais madura da carreira.

O saldo: uma artista mais seletiva, com ambição internacional e foco em formatos que combinam com a etapa em que está. No entretenimento, coerência é um diferencial. E coerência foi exatamente o que se ouviu naquele sofá do 'Lady Night'.